sábado, 26 de fevereiro de 2011

Diário de bordo:Módulo 03

Módulo 3 - Unidade 1
Sujeitos e saberes da Educação de Jovens e Adultos.
Antônio Francisco Marques e Eliana Marques Zanata.
 
Amo este tema, Educação de Jovens e Adultos, sempre gostei e se pudesse me aperfeiçoaria nesta área, Porém, apesar de todo o avanço conquistado através lutas, movimentos em pró de uma educação para Jovens e Adultos com qualidade e atendimento indiscriminado a toda população que se encontra em defasagem idade/série, o que ainda se vislumbra é a mera ponta do “véu”, ações pontuais que não tem continuidade como os programas desenvolvidos por sindicatos, instituições religiosa, associações civis ou movimentos sociais como, por exemplo, dos trabalhadores Sem Terra, MST, que funcionam enquanto estão atrelados a algum projeto, mas não dispõem de infra-estrutura e muito menos de profissionais capacitados para oferecer um atendimento de qualidade. Diante deste quadro aviltante, ainda nos calamos e nos contentamos quanto nos deparamos com cidades como Castilho com 15.122 habitantes, segundo o último senso do IBGE (2004), com apenas duas classe, correspondente a 1ª e 2ª série e outra 3ª e 4ª serie respectivamente, de alfabetização de jovens e adultos no período noturno e ainda correndo o risco de não ter demanda para o ano seguinte. Será que em Castilho sua população é auto-suficiente no quesito escolarização? Ou será que faltam políticas públicas para atender essa clientela, espalhada pela zona rural e periferia da cidade? È muito mais fácil, politicamente fechar os olhos para esse câncer social do que tratá-lo, já que o paciente na UTEI se contenta com as gotas de remédios que lhes dão para mantê-lo vivo desde que ele ou seus familiares saibam assinar a ficha de atendimento médico do SUS.
Participei de um projeto maravilhoso em 2004 e 2005, como coordenadora de um núcleo regional de alfabetização de jovens e adultos, nos municípios de Castilho, Andradina, Nova Independência e Itapura, Projeto Todas as Letras, uma parceria da CUT, MEC/FNDE, Petrobras, e do governo Federal através do Programa Brasil Alfabetizado, incluindo o apoio da UNESCO, conseguimos formar 15 núcleos espalhados por essas cidades, à maioria dos educandos eram trabalhadores sem terra já assentados e ou em acampamentos espalhados pelas rodovias que ligam essas cidades. Ao final da primeira etapa em outubro de 2005 finalizamos com 10 núcleos, era um trabalho árduo, pois muitos dos educadores abandonavam o trabalho por não entender a proposta diferenciada do projeto, embora tivessem os aportes metodológicos e oficinas pedagógicas, a cada modulo ou eixo temático concluído.  
A capacitação dos coordenadores se dava em São Paulo, juntamente com a equipe pedagógica Estadual da Escola Sindical - CUT- São Paulo e todos os demais coordenadores de núcleos de EJA do Estado e da grande São Paulo. Era um verdadeiro banquete de conhecimento, troca de experiências e angustia enfrentado no processo de emancipação do Projeto Todas as Letras, que tinha como metodologia o Letramento ainda tão pouco entendido e difundido na educação brasileira, naquele momento.
Quando conseguimos assimilar toda a riqueza do projeto e formar novas turmas não conseguimos renová-lo na região de Andradina por divergências sindicais entre a direção da FAF (Federação da Agricultura Familiar). Com isso todos nos saímos perdendo, mas com certeza muito do que aprendi e vivenciei, ainda faz parte da minha pratica pedagógica.
Anexei alguns materiais utilizados ao longo dos dois anos no projeto, não tenho mais contato, e nem informações se o projeto ainda prossegue em outras regiões. Só sei que muitos núcleos de EJA foram formados em empresas, presídios masculino e feminino, populações quilombolas e Caiçara do Vale do Ribeira.
 
 
               Módulo 03 – Unidades 02
               SUJEITOS E SABERES DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
Antonio Francisco Marques e
Eliana Marques Zanata.
  Estou muito grata pela oportunidade de poder refletir mais profundamente sobre Educação do Campo. Na verdade este tema não é novo para mim, pois desde que me conheço “por gente”, de uma forma ou de outra, sempre estive envolvida com a população rural. Nasci de parto normal, em casa de chão batido e coberto de sapé, e foi meu próprio pai quem cortou o cordão umbilical, com o seu canivete de cortar fumo em corda, já que a única parteira nas proximidades era, exatamente, a parturiente, e também por morar em fazenda de produção agropecuária longe da cidade de Taciba/SP.
No começo meu pai dizia que era difícil conseguir emprego nas fazendas, pois a família crescia a cada ano e meus irmãos eram novos para serem “aproveitado” na lavoura, ou criação de gado, mas com o tempo, o que era um problema, se tornou algo lucrativo para os fazendeiros, pois, pagava por um, e lucrava dois ou três, sem contar às meninas que serviam de empregadas nas sede das fazendas como forma de gentileza ou de agradecimento por “nos fornecer um pedaço de chão pra morar”. Minha mãe afirma que na maioria das fazendas que morou não havia escola, e quando os filhos mais velhos completaram idade de estudar tinham que se deslocar a cavalo ou de charrete até o patrimônio mais perto. E foi assim até virmos para o Mato Grosso do Sul, região de Bataguassú, pois Brasilândia ainda era uma vila, desta vez meu pai não veio como lavrador, e sim como bom carpinteiro que era, trabalhar em uma fazenda muito grande chamada Rochedo, fazendo casas, tulhas, curral, porteiras, e cercarias e nas horas vagas cultivar um pedaçinho de terra para subsistência da família. Meu pai nunca aprendeu a dirigir nem mesmo um trator, mas os filhos tiveram mais “oportunidades” já bem cedo os patrões lhes entregavam tratores para passarem os correntões, derrubando a vegetação nativa e formando novas pastagens ou áreas para o cultivo, já que o solo era bastante fértil.
Desta forma vivi até aos cinco anos, quando mudamos, pela primeira vez, para viver na zona urbana da cidade de Ouro verde, interior do Estado de São Paulo, no entanto, nosso sustento, ainda era tirado do campo: na carpintaria de meu pai, no trabalho de tratorista de meus irmãos, na lavoura de café com as meninas maiores e até as crianças no viveiro de mudas: plantando ou enchendo os balainhos com terra vegetal. Em se tratando de Educação formal, meus irmãos mais velhos foram muito prejudicados, alguns nem se quer terminaram
 4 º ano, outros retornaram muito tempo depois, o antigo MOBRAL, embora não o concluísse.  Somente os mais novos concluíram o ensino básico. E assim, dos 14 filhos de meu pai, a primeira filha a ter um diploma universitário, foi eu.
Gostaria de me desculpar, querida Vanessa por estar escrevendo minha biografia nas atividades propostas, mas é que os assuntos estão realmente tão ligados a minha história que é difícil não ilustrá-lo com fatos vividos por mim. E movida por minha história e de muitos brasileiros, de ontem e de hoje, que ainda não tiveram a oportunidade de sonhar com uma vida plena no campo, de acesso aos meios de produção, tecnologia e de consumo em função de políticas econômicas que só beneficiam as grandes oligarquias, e ou formações de cartéis agrícolas é que sempre estive e estarei apoiando os movimentos sociais por uma Educação no Campo que atenda as peculiaridades, especificidades culturais e espaciais de cada grupo social, valorizando  seus saberes, seu modo de vida, proporcionando-lhes consciência crítica do seu mundo e de seu entorno.

Módulo 03 - Unidades 03
 SUJEITOS E SABERES DA EDUCAÇÃO INDÍGENA
Sergio Augusto Domingues
Gostei muito de estudar esta unidade, tive a oportunidade de relembrar coisas da minha infância, e refletir e fazer inferências sobre um pedaço da história de Brasilândia, cidade que passei toda minha infância, adolescência e um pedaço de minha mocidade, através da historia dos índios Ofayés Xavantes, os legítimos donos deste chão.
Voltei a minha pequena biblioteca particular, uma estante construída de alvenaria para acondicionar meus livros, para procurar o livro que o “Carlito” (DUTRA) me dera no passado, Ofayé Xavantes, ainda estamos vivos! Era como uma viagem no túnel do tempo, minha militância na igreja Cristo Bom Pastor de Brasilândia, e na Diocese de Três Lagoas/MS, as visitas a aldeia na velha Toyota do CIMI, o dinamismo de Ataíde, cacique da aldeia.
Como meus pais e irmãos residem em Brasilândia, estou sempre por lá, então fiz um levantamento informal de como se encontram atualmente os Ofayés. E para meu espanto a situação dos índios não melhorou muito nesses últimos 21 anos, sua cultura e hábitos foram completamente mudados, e sua população, que já eram bastante reduzidas, diminui ainda mais, limitando-se a poucas dezenas. Segundo Abadio Alves Lima, coordenador da SESAI/Brasilândia (Secretaria Estadual de Saúde do Índio), muitas índias uniram-se aos índios Kaiwas, vindo da região de Dourados e Aquidauana para trabalhar na usina de álcool Debrasa, e estes, hoje, são a maioria na aldeia. Outro problema que assola a tribo é o alcoolismo e a droga, que não poupou nem mesmo Ataíde, antigo cacique da aldeia.
 Mas nem tudo é derrota nesta tribo, depois de muitos anos de luta, eles obtiveram, da CESP, como forma de pagamento sócio-ambiental a demarcação de uma área, ainda que pequena, para sua sobrevivência, com mata nativa, e casas construídas de madeiras, respeitando determinação dos índios mais antigos, ou seja, apenas uma entrada e esta dando acesso ao terreiro circular, talvez uma forma de adoração ao sol. Neste sentido os órgãos competentes pecaram em um item importantíssimo para preservação dos costumes e sobrevivência dos índios, a pesca.  Escolheram uma área que não contém rios por perto. Neste projeto de relocação dos índios uma escola foi construída na aldeia, no princípio dos conteúdos não levavam em consideração a cultura e a língua Ofayé, mas segundo o coordenador da SESAI, atualmente os curumins tem os conteúdos também ensinado na língua vernácula da tribo, mas nenhum atendimento educacional para menores de 5 anos e para jovens e adultos na aldeia.

Fiquei muito triste ao saber que o CIMI não tem nenhuma atuação junto aos Ofayés recentemente. E Carlos Alberto Dutra é funcionário público e um ótimo advogado  brasilândense. Gostaria muito que conhecessem um pouco desta cultura, por isso escrevi, anexei e postei um vídeo dos Ofayés.

Módulo 03 – unidades 04
SUJEITOS E SABERES DA EDUCACAO QUILOMBOLA
Dagoberto José Fonseca
Foi uma grande alegria estudar esta unidade e apreender um pouco da riqueza cultural e histórica destes autênticos guerreiros afro-brasileiros. Entretanto, não tinha nenhuma noção que as comunidades quilombolas são desprovidas de  políticas publicas que atendam deste de a pré-escola até a conclusão do 2º grau em pleno século XXI.
Concordo plenamente que todo currículo e prática pedagógica têm que ser valorizada a realidade da comunidade, levando-se em conta os aspectos históricos, antropológicos, demográficos, territoriais e até jurídicos que os envolve principalmente numa comunidade quilombola que foi e se mantém viva, através das praticas culturais passadas de pai para filho por meios de prosas, mitos, histórias, lendas, culinárias e ritos religiosos.  



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